BLOG DA PORTUGALIDADE

Há muitos anos,talvez uns 46 anos (quarenta e seis anos),estava no Cuando Cubango a comandar o districto da Policia de Segurança Pública de Angola,do Cuando cubango.

Como nunca fui individuo qua me aconchegasse a uma secretária,um belo dia resolvi ir até à raia de Angola com o SWA(África do Sul) e numa dessas

paragens tive a sorte de ter presenciado a chegada de muitos dos angolanos que eram recrutados para o JONAS,isto é que iam recrutados para as

minas de ouro do Transval-Isto era o que se chamava ir para o Jonas...

Bem por um caminho estreito de uma picada que vinha dessas paragens,então vi muitos angolanos ,carregados com as ginga e com bicuatas que traziam para casa...,além do dinheiro recebido nesse serviço sazonal...

Sem contar,e sem o espirito policial,quando cheguei a Serpa Pinto fui a uma loja comercial (???) e vi alguns desses rapazes a fazerem contas com o " patrão",isto é,com o dono ,ou seu representante)

Então tive a curiosidade de verificar que ao rapaz era-lhe apresentada uma " manada " de papeis,os tais " vales" que iam valer com que o angolano acabasse por perguntar ao patrão se era o que devia...

E lá o rapaz pagava,chegando alguns a ficar sem um chavo daqueles que troussera do JONAS...Coitado,um período da vida a trabalhar e depois para não poder gozar o que ganhara...

Sim por que a mulher que ficara na terra com os filhos ia comprar ao " boteco" o vinho,a fuba,a mandioca ,o sal ,etc,etc e lá com pena os rapazes ficavam sem um centavo...

Os "vales"seriam todos verdadeiros ???Isto é ,teriam sido tudo despesa da mulher que ficara com os filhos nos braços????

Eu sei que NÃO,sei que não e a presença da PSP era incómoda para estas situações...Mas havia que modificar este tipo de trabalho e acabar com os "vales".

Isto é uma cena triste ,deveras triste demasiado,mas era a forma administrativa que ainda imperava no ...Império.

Mas não se julge que teoricamente não estava certa.Não havia quem inspeccionasse e podemos até lembrar as cenas contadas no livro do

Henrique Galvão...por que são verdadeiras  e eram a realidade na imensidão dos territórios sob a nossa administração...

Porém, contada esta história ,veridica,chega a dar-me a impressão que continuamos com a mesma falta de transparência,com os mesmos vales,

e logo por sinal até com dinheiro de cerca de 40 milhões de contos que não se sabe onde foram parar e ,que se deu pela sua falta logo após a morte de todos os que seguiam no avião do saudoso SÁ CARNEIRO...Desapareceu o rasto e nunca houve alguém que se lembrasse de fazer um "tal" inquérito que pudesse seguir o rasto desse dinheiro...

Depois todas as história que já conhecemos,desde o BPN ,e tantas outras,até aos momentos em que existem responsáveis que andam a gozar os rendimentos em  Cabo Verde .

Julgo que hoje estamos pior do que nos tempos daqueles que regressavam do JONAS....

Como cidadao portugues,continuo a NAO SABER para onde é que vao os dinheiros emprestados ...para o pagamento do resgate...

Na contabilidade do taverneiro ainda havia os tais "vales" ...mas aqui nem sequer ouso adivinhar para onde é que vai o dinheiro...

Algum sei,por exemplo para os carros de luxo dos Juizes do Supremo tribunal constitucional(?)E foram logo 13 ou 14....