Otelo Saraiva de Carvalho ouve todos os dias populares dizerem-lhe que o que faz falta é uma nova revolução, mas, 37 anos depois, garante que, se soubesse como o país ia ficar, não teria realizado o 25 de abril.
Aos 75 anos, Otelo mantém a boa disposição e fala da revolução dos cravos como se esta tivesse acontecido há dois dias.
Recorda os propósitos, enumera nomes, sabe de cor as funções de cada um dos intervenientes, é rigoroso nas memórias, embora reconheça que ainda hoje vai sabendo de contributos de anónimos que revelam, tantas décadas depois, o papel que desempenharam no golpe que deitou por terra uma ditadura de 48 anos.
Essa permanente atualização tem justificado, entre outros propósitos, a sua obra literária, como o mais recente “O dia inicial”, que conta a história do 25 de abril “hora a hora”.
Apesar de estar associado ao movimento dos “capitães de abril” e aceitar o papel que a história lhe atribuiu nesta revolução, Otelo não esconde algum desânimo. Ele, que se assume como um “otimista por natureza”.
“Sou um otimista por natureza, mas é muito difícil encarar o futuro com otimismo. O nosso país não tem recursos naturais e a única riqueza que tem é o seu povo”, disse, em entrevista à Agência Lusa.
Otelo lamenta as “enormes diferenças de carácter salarial” que existem na sociedade portuguesa e vai desfiando nomes de personalidades públicas, cujo vencimento o indigna.
“Não posso aceitar essas diferenças. A mim, chocam-me. Então e os outros? Os que se levantam às 05:00 para ir trabalhar na fábrica e na lavoura e chegam ao fim do mês com uma miséria de ordenado?”, questiona, sem esconder o desânimo.
Este povo, que viveu 48 anos sob uma ditadura militar e fascista merecia mais do que dois milhões de portugueses a viverem em estado de pobreza Otelo Saraiva Carvalho
Para este eterno capitão de abril, o que mais o desilude é “questões que considerava muito importantes no programa político do Movimento das Forças Armadas (MFA) não terem sido cumpridas”.
Uma delas, que considera “crucial”, era a criação de um sistema que elevasse rapidamente o nível social, económico e cultural de todo um povo que viveu 48 anos debaixo de uma ditadura”.
“Este povo, que viveu 48 anos sob uma ditadura militar e fascista merecia mais do que dois milhões de portugueses a viverem em estado de pobreza”, adiantou.
Esses milhões, sublinhou, significa que “não foram alcançados os objetivos” do 25 de abril.
Por esta, e outras razões, Otelo Saraiva de Carvalho garante que hoje em dia não faria a revolução, se soubesse que o país iria estar no estado em que está.
“Pedia a demissão de oficial do exército, nunca mais punha os pés no quartel, pois não queria assumir esta responsabilidade”, frisou.
Otelo justifica: “O 25 de abril é feito em termos de pensamento político, com a vontade firme de mudar a situação e desenvolver rapidamente o nível económico, social e cultural do povo. Isso não foi feito, ou feito muito lentamente”.
“Fizeram-se coisas importantes no campo da educação e da saúde, mas muito delas têm vindo a ser cortadas agora outra vez”, lamentou.
“Não teria feito o 25 de abril se pensasse que íamos cair na situação em que estamos atualmente. Teria pedido a demissão de oficial do Exército e, se calhar, como muitos jovens têm feito atualmente, tinha ido para o estrangeiro”, concluiu.
Postado por Fonseca dos Santos...
Mas fizeram...e o que espantou foi logo,após o 25 A,os politicos exilados ou emigrados no estrangeiro,vieram logo com uma determinação de tomar o poder,julgando-se letrados em politica...Foi a descolonização que se viu,foi em 82 o pedido de ajuda ao FMI, e tem sido um poder com o rabo colado às cadeiras...
Perante isto NÃO HOUVE UM CAPITÃO DO 25A que falasse com o Sr Presidente da República e lhe dissesse que não foi para este estado do ESTADO que arriscaram a vida ,a carreira,etc ,etc...Mas uns rebuçaditos tem resolvido esta falta de participação militar dos militares de ABRIL...
Aqui ,também se verificou a inacção completa das FAs provocadas pelos governantes...e de que maneira...No fim disto tudo estou com 78 anos e
à espera de uma consulta de cardiologia há cerca de 18 meses...
Também não acredito no sistema politico implantado ,mesmo com a Constituição politica mais avançado do mundo,DIZEM.
Continuarão as mesmas caras ,pagam-se ,certamente ,3 ASSEMBLEIAS DA REPÚBLICA....com verbas astronómicas que continuando assim o empréstimo do FMI,NÃO SERVIRÁ para NADA ,a não ser para pagar ,juros de juros...
NÃO ACREDITO NESTA CLASSE POLITICA QUE NOS TEM SIDO IMPOSTA...Não venham cá com as eleições ....As eleições são um resultado da
ENGENHARIA PROPAGANDISTICA levada a efeitos por politicos sem ESCRUPULOS...Não DEVIAM SER REMUNERADOS E seria a forma de participar mais gente,mais ideias,menos fraudes e corrupção,etc,etc...
Fico por aqui,em 13 de Abril de 2011,em Lisboa.