No dia em que José Sócrates lançava finalmente a toalha ao chão e pedia que o FMI viesse salvar a pátria da bancarrota, uma sondagem da Universidade Católica atribuía 33% de intenções de voto ao PS nas próximas eleições.
Esta sondagem vem na linha de outras que colocam os socialistas na casa dos trinta por cento, um resultado de tal modo espantoso que cada vez que vejo estes números nos jornais tenho vontade de me beliscar para ter a certeza de que estou acordado. Como é possível que alguém com o cérebro irrigado ainda ponha a hipótese de votar em José Sócrates no próximo dia 5 de Junho?
Dir-me-á, caro leitor – e estou certo de que esta é a pergunta que assombra metade dos portugueses –, que ninguém tem a certeza de que Pedro Passos Coelho venha a ser melhor primeiro-ministro do que Sócrates. É verdade. Ninguém pode ter a certeza. Sem dúvida que eu preferia que o PSD tivesse outro líder. Sem dúvida que Passos e a sua ‘entourage’ estão longe de entusiasmar quem quer que seja. Sem dúvida que os erros cometidos nas últimas semanas não auguram nada de bom. Mas pense comigo, caro leitor. Imagine que vai construir uma casa nova e só tem dois empreiteiros disponíveis: um deles é construtor há muitos anos, e deixou desabar todas as casas onde pôs as mãos; o outro tem pinta de poder ser tão mau quanto ele, mas nunca construiu casa alguma. A qual deles entregaria você a obra?
Admitir que 33% de portugueses possam vir a ilibar com o seu voto o comportamento do primeiro-ministro nos últimos seis anos é inconcebível para mim. Só pode ser gente que se encontrasse Sócrates numa viela escura a esfaquear uma velhinha viria defender publicamente que ele estava a promover a acupunctura entre a terceira idade. Caro leitor: votar no PS, ainda vá. Mas votar em Sócrates? Votar em Sócrates não tem perdão.
João Miguel Tavares / in /C.M.
Nunca nada de pessoal me moveu contra Sócrates. Apenas o topei mais cedo do que a maioria dos portugueses e dos jornalistas (há resistentes). Eram muitos os sinais do seu perigo, mas não foi fácil remar contra a maré.
Ele tinha o poder, a comunicação social, a ERC, o PS amestrado, cúmplices na Justiça, uma oposição fraca, uma opinião pública medrosa e uma personalidade que não olha a meios para obter os seus fins. Sócrates quis ser primeiro-ministro, mandar e controlar, e assim se manteve até ao último momento. Já depois do último momento. Mesmo cercado, teve de ser empurrado para a ajuda externa pelo governador do Banco de Portugal, que não deixou os bancos financiarem mais o Estado. E a real situação do país está por saber!
Temos vivido com uma política criminosa em função de uma estratégia pessoal. Sócrates mente e tantas vezes que tornou a mentira natural.
Agora, é o chumbo do PEC a servir de desculpa a toda a desgraça e ao FMI.
Esquecem-se que 7% de juros era o limite do ministro das Finanças para a ajuda. Saltaram-no, pela sobrevivência do primeiro-ministro. Agora, depois de 2,2 mil milhões de juros e 55% do fundo da Segurança Social na dívida, resta-nos o Poceirão. O caminho mais rápido para Espanha!
Manuela M.Guedes / in /C.M.
O resgate de Portugal era inevitável. A queda infernal das notas de ‘rating’ e o endividamento do Estado, das empresas públicas e das famílias, com a banca dependente do financiamento externo, acabaram com o resto de soberania económica.
Não vale a pena chorar pelo leite derramado, mas há responsabilidades a apurar sobre o estado a que este País chegou. Como alguém disse, quando se pede a intervenção do FMI, também seria útil chamar o FBI.
Na base deste descalabro está uma política de aproveitar o dinheiro fácil para gastar, sem olhar à relação entre custos e benefícios. Um País que na década de 90 vendeu as suas principais jóias (banca, PT, EDP, seguradoras, Brisa, etc.) para reduzir a dívida, voltou a bater recordes de endividamento, apesar de a pressão fiscal também bater recordes. Quem teve responsabilidades parece que nunca se preocupou que a dívida pública tinha de ser paga algum dia. Era apenas para gerir.
Atribuir as culpas desta tragédia lusa aos efeitos da crise internacional e ao contágio grego é mais uma vez fugir às responsabilidades. A Grécia apenas acelerou uma bomba-relógio, que mais cedo ou mais tarde iria explodir. Medina Carreira tinha avisado.
Armando Esteves Pereira / in /C.M.
Ps;por algum motivo calaram(tempo de antena) este sr.(Medina Carreira).
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